Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica na UCI da Clínica Sagrada esperança: Frequência e Factores de Risco

Autores

  • Esmael Tomás Clínica Sagrada Esperança
  • Ana Escoval Escola Nacional de Saúde Pública/ Universidade Nova de Lisboa
  • Filipe Froes Centro Hospitalar de Lisboa Norte,
  • Maria Helena de Victória Pereira Clínica Sagrada Esperança

Palavras-chave:

Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica, Incidência, Adequação dos profissionais de Saúde, Factores de risco, Agentes microbiológicos, Gestão de Unidades de Saúde

Resumo

INTRODUÇÃO: A Pneumonia Associada à Ventilação (PAV) é uma das mais frequentes infecções hospitalares em doentes internados em UCI e resulta em elevada mortalidade, tempos de internamento prolongados e aumento nos custos de
hospitalização.

OBJECTIVO: Analisar a frequência, factores de risco e perfil de resistência dos agentes microbiológicos responsáveis pelas PAV na UCI da Clínica Sagrada Esperança, em 2015.
METODOLOGIA: Coorte retrospectiva de 99 doentes, ventilados por um período ≥48h. Recolhidos dados até aos 28 dias de internamento ou óbito. Foi utilizada a definição do CDC e considerado caso confirmado de PAV aquele com confirmação microbiológica. Foi analisada a associação entre factores de risco e a ocorrência de PAV.
RESULTADOS: A taxa de exposição à ventilação mecânica foi 0,67. A incidência de PAV foi de 14,9 episódios por 1000 dias de ventilação mecânica. 69% dos casos eram PAV tardia. A reintubação OR(IC 95%) 10,714(2,320-49,490) foi o factor de risco independente identificado para a PAV. A presença de PAV não esteve associada a mortalidade atribuível na UCI nem aos 28 dias (8%vs.49%; p=0,013) vs. (15%vs.51%; p=0,011), mas relacionou-se com um aumento em três vezes nos tempos de ventilação (29,8±13,7vs.10,7± 6,5; p=0,000) e de internamento (20,6±13,7vs.7,0±4,2; p=0,000).
As bactérias gram-negativas foram os agentes mais frequentes, com uma incidência considerável de Acinetobacterbaumannii resistente ao meropenem.

CONCLUSÃO: O presente estudo permitiu identificar uma incidência de PAV, tempo de internamento e de ventilação dentro dos padrões encontrados na bibliografia. Surpreendentemente, a sua incidência não esteve associada à mortalidade atribuída. A
reintubação foi identificada como factor de risco para a PAV. A incidência considerável de estirpes de Acinetobacter baumannii resistente ao meropenem, ressalva a importância da adopção de um programa de controlo e prevenção da infecção e de gestão de antimicrobianos.

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Publicado

15-10-2016

Como Citar

Tomás, E., Escoval, A., Froes, F., & Victória Pereira, M. H. de. (2016). Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica na UCI da Clínica Sagrada esperança: Frequência e Factores de Risco. Revista Científica Da Clínica Sagrada Esperança, (NÚMERO 5. ANO 8. OUTUBRO 2016), 28–35. Obtido de https://revistacientificacse.ao/index.php/revista/article/view/45

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