Prevalência das arboviroses (Dengue, chikungunya, zika) em Angola.

Autores

  • Zoraima Neto Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Pedro A. Martinez Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Domingos Jandondo Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Marinela Mirandela Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Joana Paula Paixão Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Filipa Vaz Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Gisel Reyes Castro Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Celestina Gaston Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Lino Ferreira Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Jocelyne Vasconcelos Instituto Nacional de Investigação em Saúde
  • Joana de Morais Instituto Nacional de Investigação em Saúde

Palavras-chave:

Arbovírus, circulação, vigilância, saúde pública

Resumo

Introdução: As arboviroses constituem uma ameaça para saúde pública em Angola. Desde Janeiro de 2017 que o laboratório de biologia molecular tem sido o laboratório de referência nacional para a confirmação dos casos suspeitos de dengue, chikungunya e zika. O objectivo deste trabalho é estudar a prevalência das arboviroses (dengue, chikungunya, zika) em Angola no período de 2017-2018

Material e Métodos: O laboratório de biologia molecular recebe amostras de sororepresentativas de todas as províncias do país e são obrigatoriamente acompanhadas de fichas de notificação que contém os dados epidemiológicos de cada caso. Para estudar os arbovírus utiliza-se a técnica de extracção de RNA (acido ribonucleico) com o kit da marca (Qiagen) seguido do PCR tem tempo real (RT-PCR) em passo único para amplificação do material genético dos vírus. O método de Trioplex RT-PCR utiliza primers específicos para cada vírus (dengue,chikungunya, zika) e sondas fluorescentes seguido do sequenciamento. A técnica consiste na amplificação do material genético dos arbovírus durante 2h45mins após este período se visualiza a presença ou não do vírus através da libertação de fluorescência.

Resultado:Em 2017 a prevalência do vírus da dengue foi de 2% (1/50) com a confirmação apenas de 1 caso positivo,enquanto que a prevalência do vírus chikungunya foi de 9.6% com 6/62 confirmados positivos. A prevalência do vírus zika foi 9.6% com 5/52 casos foram confirmados positivos. Em 2018 registou-se um aumento no número de casos positivos de Dengue com uma prevalência de Dengue de 20%com 71/351 confirmados positivos, enquanto que a circulação dos vírus chikungunya e zika diminui não se registando casos positivos para estas duas arboviroses.

Conclusão: Durante o período de 2017 os arbovirus chikungunya e zika predominaram no país, havendo uma mudança no padrão de transmissão dos arbovírus em 2018, sendo que a Dengue foi o arbovírus mais prevalente em 2018 Angola e esta esta associado a quadros de dengue acompanhadas de sintomas como a febre, mialgia, cefaleia dor retro-orbital, hemorragia e exantema sendo Luanda a província com maior incidência nos casos de arboviroses. A vigilância laboratorial é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico atempado de eventuais surtos provocados por arbovírus e é uma mais-valia para o actual sistema de vigilância epidemiológica das doenças de notificação obrigatória.

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Publicado

15-04-2020

Como Citar

Neto, Z., Martinez, P. A., Jandondo, D., Mirandela, M., Paixão, J. P., Vaz, F., … Morais, J. de. (2020). Prevalência das arboviroses (Dengue, chikungunya, zika) em Angola. Revista Científica Da Clínica Sagrada Esperança, (NÚMERO 10. ANO 12. ABRIL 2020), 8–16. Obtido de https://revistacientificacse.ao/index.php/revista/article/view/73

Edição

Secção

Artigos Originais