Neurotoxoplasmose em Doente com VIH: Diagnóstico e Gestão de Urgência – Relato de Caso

Autores

  • Artur Alfredo Serviço de Cardiologia - Clínica Sagrada Esperança
  • Patrícia Vidal Serviço de Medicina Interna - Clínica Sagrada Esperança
  • Clévia Lukoki Serviço de Medicina Intensiva - Clínica Sagrada Esperança
  • Darlene Wete Serviço de Medicina Interna - Clínica Sagrada Esperança
  • Elizeu Ekundi Serviço de Medicina Interna - Clínica Sagrada Esperança
  • Naima Andrade Serviço de Medicina Interna - Clínica Sagrada Esperança

DOI:

https://doi.org/10.70360/rccse..v.151

Palavras-chave:

Neurotoxoplasmose, VIH-SIDA, Serviço de Urgência

Resumo

Introdução: Neurotoxoplasmose é a infecção do SNC mais frequente em doentes portadores do VIH. Os seus sintomas podem ser défices neurológicos focais, crises epilépticas e distúrbios neuropsiquiátricos. O exame neurológico, permite identificar sinais importantes para o diagnóstico diferencial com patologia psiquiátrica e definir a melhor escolha de exames complementares de diagnóstico no serviço de urgência. A não identificação atempada desta situação pode resultar em défices permanentes ou desfecho fatal.

Apresentação de caso: Trata-se de homem de 52 anos, com diagnóstico recente de infecção por VIH em contexto do falecimento de cônjuge, admitido na Urgência por cefaleia holocraniana, apatia e amnésia referenciado à Psiquiatria. Ao exame físico, constatou-se, lentificação psicomotora, hipoprosexia e diminuição do campo visual com interferência na coordenação motora e mobilização. A RM CE realizada evidenciou lesões multicêntricas, com edema e efeito de massa, descritas como tuberculose/toxoplasmose. Iniciadas medidas anti-edema necessárias e tratamento anti-toxoplasma uma vez que não foram reunidos outros dados que sustentassem a outra hipótese descrita. Teve alta autónomo, após controle clínico e imagiológico feito ao 14º dia de internamento que demonstrou melhoria considerável.

Conclusão: Os meios complementares de diagnóstico solicitados em ambiente de Urgência devem ser um apoio à decisão e resultar em condutas modificadoras. A informação de infecção por VIH e os achados imagiológicos alteram o raciocínio etiológico, permitem o diagnóstico diferencial de infecções do SNC e a consecutiva adequação terapêutica. Na decisão é importante ter em conta o contexto epidemiológico, a informação clínica disponível e as directrizes da OMS que ajudam a orientar a decisão em países em vias de desenvolvimento.

Referências

(1) S. Dian, A. R. Ganiem, e S. Ekawardhani, «Cerebral toxoplasmosis in HIV-infected patients: a review», Pathog. Glob. Health, vol. 117, n.o 1, pp. 14–23, fev. 2023, doi: 10.1080/20477724.2022.2083977.

(2) J. M. Mose, J. M. Kagira, D. M. Kamau, N. W. Maina, M. Ngotho, e S. M. Karanja, «A Review on the Present Advances on Studies of Toxoplasmosis in Eastern Africa», BioMed Res. Int., vol. 2020, p. 7135268, 2020, doi: 10.1155/2020/7135268.

(3) H. M. Elsheikha, C. M. Marra, e X.-Q. Zhu, «Epidemiology, Pathophysiology, Diagnosis, and Management of Cerebral Toxoplasmosis», Clin. Microbiol. Rev., vol. 34, n.o 1, pp. e00115-19, mar. 2021, doi: 10.1128/CMR.00115-19.

(4) O. Uwishema et al., «Neurological disorders in HIV: Hope despite challenges», Immun. Inflamm. Dis., vol. 10, n.o 3, p. e591, fev. 2022, doi: 10.1002/iid3.591.

(5) S. Khalid, S. F. Memon, L. Jumani, S. A. Memon, e M. S. Siddiqui, «Neurotoxoplasmosis in the Immunocompetent: A Rare Occurrence», Cureus, vol. 15, n.o 3, p. e36782, mar. 2023, doi: 10.7759/cureus.36782.

(6) J. Layton et al., «Clinical Spectrum, Radiological Findings, and Outcomes of Severe Toxoplasmosis in Immunocompetent Hosts: A Systematic Review», Pathog. Basel Switz., vol. 12, n.o 4, p. 543, mar. 2023, doi: 10.3390/pathogens12040543.

(7) L. Dunphy, B. Palmer, F. Chen, e J. Kitchen, «Fulminant diffuse cerebral toxoplasmosis as the first manifestation of HIV infection», BMJ Case Rep. CP, vol. 14, n.o 1, p. e237120, jan. 2021, doi: 10.1136/bcr-2020-237120.

(8) G. T. Lee, F. Antelo, e A. A. Mlikotic, «Cerebral Toxoplasmosis», RadioGraphics, vol. 29, n.o 4, pp. 1200–1205, jul. 2009, doi: 10.1148/rg.294085205.

(9) S. M et al., «MRI imaging features of HIV-related central nervous system diseases: diagnosis by pattern recognition in daily practice», Jpn. J. Radiol., vol. 39, n.o 11, nov. 2021, doi: 10.1007/s11604-021-01150-4.

(10) J. E. Vidal, «HIV-Related Cerebral Toxoplasmosis Revisited: Current Concepts and Controversies of an Old Disease», J. Int. Assoc. Provid. AIDS Care, vol. 18, p. 2325958219867315, 2019, doi: 10.1177/2325958219867315.

(11) World Health Organization, Guidelines for managing advanced HIV disease and rapid initiation of antiretroviral therapy, July 2017. Geneva: World Health Organization, 2017. Acedido: 15 de agosto de 2024. [Em linha]. Disponível em: https://iris.who.int/handle/10665/255884

Downloads

Publicado

20-08-2024

Como Citar

Alfredo, A., Vidal, P., Lukoki, C., Wete, D., Ekundi, E., & Andrade, N. (2024). Neurotoxoplasmose em Doente com VIH: Diagnóstico e Gestão de Urgência – Relato de Caso. Revista Científica Da Clínica Sagrada Esperança, (Número 12 Ano.16 Agosto 2024), 89–92. https://doi.org/10.70360/rccse.v.151

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)